As piores dores que eu já senti, foram sem sombra de dúvidas as dores de frustrações. Todas as vezes que coloquei expectativas no que quer que fosse, eu me decepcionei. E doeu demais. Posso dizer que foram os sentimentos que mais machucaram a minha alma.
Eu buscava uma felicidade que achava nunca ter tido o suficiente, mas desconfio que eu nunca soube se realmente a quis de verdade.
Após a primeira crise neurológica que desenvolvi, durante quatro anos, consegui me manter estável, sem nenhum medicamento. A minha rotina seguia e eu, na loucura do dia-a-dia, aos poucos esquecia de me cuidar. Voltava a ter maus hábitos e a não respeitar os limites de meu corpo. Vivi destes quatro anos, uns três displicentes.
Em meados de 2007, vários apertos de minha vida pessoal iam de mal a pior. Naquela época eu transmutava todas as minhas carências em expectativas: nas pessoas, no meu trabalho, em mim mesma.
Por ser muito imatura, achava que o mundo girava em torno do meu umbigo, que tudo deveria ser da minha maneira, no meu tempo, e com os resultados que eu projetasse. Recebia decepções em cima de decepções. Dormia e acordava submersa em sentimentos densos.
Foram os anos mais difíceis que eu me recordo ter vivido. As dores que sentia ali, rasgavam o que eu entendia sobre o amor, sobre respeito, companheirismo, lealdade. Não sabia mais como lutar.
De alguma forma tudo que me "pertencia" fora arrancado de meus olhos, por anos tão duros que até hoje me emociono em lembrar. Eu sofria demais.
Em março de 2010, acordei com uma dor muito forte em meu braço esquerdo. Essa sensação por vezes aparecia, depois sumia de novo. Isso durou uma semana, quando resolvi procurar o neurologista que ao me examinar, decidiu novamente pela internação.
Aquele momento foi devastador. Já não bastava minha vida parecer "virada do avesso", eu teria de enfrentar todo aquele pesadelo outra vez. Novamente, sem nenhuma expectativa de recuperação, e agora mais próxima de um diagnóstico que execrei todos aqueles anos.
Eu desenvolvi uma significativa lesão medular. Uma segunda lesão, bem maior que a primeira.
Novamente me via sem forças para apoiar meus pés no chão e sem o auxílio de minha mãe, chegar até o banheiro era uma maratona.
Após quatro dias no hospital, regados a corticóides, aquela sensação de queimação, formigamento, agora acompanhada de dores, tomava conta de todo meu corpo.
Ainda não tinha entendido que toda aquela grave situação era de certa forma eu mesma quem ajudava a gerar. Alimentei durante meses posturas as quais deveria ter abandonado lá atrás, no primeiro sinal que meu corpo me enviou.
Todas as projeções que coloquei em vivências, pessoas, até em mim mesma, se acumularam em frustrações e sofrimentos, possibilitando que eu perdesse o controle das únicas coisas que realmente me pertenciam: os meus sentidos.
Não existe segredo, nós recebemos aquilo que escolhemos, é a velha história do "colhemos o que plantamos". Nada é responsável pelo que nos acontece. Tudo o que vivenciamos em nossa realidade fomos nós que criamos.
Minha mãe por exemplo, durante todos esses anos sempre disse que preferia estar em meu lugar a me ver sofrer, mas isso nunca poderia ser possível, pois quem criou toda aquela realidade fui eu, não ela. Eu teria de passar por cada instante daquele para aprender o que quer que fosse.
É inútil esperar por resultados ou respostas fora da realidade em que eles se suportam.
As pessoas só vão entregar aquilo que puderem, as situações serão o que elas tiverem de ser, mesmo que isso seja completamente o oposto do que esperamos.
No máximo, nós mesmo conseguiremos atingir as nossas próprias metas, e ainda assim sob um esforço de disciplina muito intenso.
A cada expectativa que alimentamos e não alcançamos, criamos uma frustração. Cada frustração que produzimos, traz com ela mágoas, tristeza, dor...diversas sementes para um terreno fértil de enfermidades!
O importante é manter-se lúcido para receber aquilo que se plantou e forte o suficiente para abrir mão daquilo que não lhe pertence efetivamente.
"Inevitavelmente você chegaria até aqui. Disto eu já sabia. Pessoas inseguras costumam agir assim, com você não seria diferente. Eu até poderia me estender em textos para ajudar a te esclarecer. Porém sugerir que você abra bem os seus olhos é o mais honesto que consigo te entregar neste momento. Aparentemente você construiu uma história bem bonita até aqui, cuidado antes que seja tarde demais" - Teria dito isso a mim mesma naquela época, se tivesse conseguido ser forte o suficiente.
Já esperei das pessoas, de mim mesma, de amores, de favores...não me cansava de aguardar que em algum lugar, eu fosse encontrar meu conforto, minha paz.
Eu buscava uma felicidade que achava nunca ter tido o suficiente, mas desconfio que eu nunca soube se realmente a quis de verdade.
Após a primeira crise neurológica que desenvolvi, durante quatro anos, consegui me manter estável, sem nenhum medicamento. A minha rotina seguia e eu, na loucura do dia-a-dia, aos poucos esquecia de me cuidar. Voltava a ter maus hábitos e a não respeitar os limites de meu corpo. Vivi destes quatro anos, uns três displicentes.
Em meados de 2007, vários apertos de minha vida pessoal iam de mal a pior. Naquela época eu transmutava todas as minhas carências em expectativas: nas pessoas, no meu trabalho, em mim mesma.
Por ser muito imatura, achava que o mundo girava em torno do meu umbigo, que tudo deveria ser da minha maneira, no meu tempo, e com os resultados que eu projetasse. Recebia decepções em cima de decepções. Dormia e acordava submersa em sentimentos densos.
Foram os anos mais difíceis que eu me recordo ter vivido. As dores que sentia ali, rasgavam o que eu entendia sobre o amor, sobre respeito, companheirismo, lealdade. Não sabia mais como lutar.
De alguma forma tudo que me "pertencia" fora arrancado de meus olhos, por anos tão duros que até hoje me emociono em lembrar. Eu sofria demais.
Em março de 2010, acordei com uma dor muito forte em meu braço esquerdo. Essa sensação por vezes aparecia, depois sumia de novo. Isso durou uma semana, quando resolvi procurar o neurologista que ao me examinar, decidiu novamente pela internação.
Aquele momento foi devastador. Já não bastava minha vida parecer "virada do avesso", eu teria de enfrentar todo aquele pesadelo outra vez. Novamente, sem nenhuma expectativa de recuperação, e agora mais próxima de um diagnóstico que execrei todos aqueles anos.
Eu desenvolvi uma significativa lesão medular. Uma segunda lesão, bem maior que a primeira.
Novamente me via sem forças para apoiar meus pés no chão e sem o auxílio de minha mãe, chegar até o banheiro era uma maratona.
Após quatro dias no hospital, regados a corticóides, aquela sensação de queimação, formigamento, agora acompanhada de dores, tomava conta de todo meu corpo.
Ainda não tinha entendido que toda aquela grave situação era de certa forma eu mesma quem ajudava a gerar. Alimentei durante meses posturas as quais deveria ter abandonado lá atrás, no primeiro sinal que meu corpo me enviou.
Todas as projeções que coloquei em vivências, pessoas, até em mim mesma, se acumularam em frustrações e sofrimentos, possibilitando que eu perdesse o controle das únicas coisas que realmente me pertenciam: os meus sentidos.
Não existe segredo, nós recebemos aquilo que escolhemos, é a velha história do "colhemos o que plantamos". Nada é responsável pelo que nos acontece. Tudo o que vivenciamos em nossa realidade fomos nós que criamos.
Minha mãe por exemplo, durante todos esses anos sempre disse que preferia estar em meu lugar a me ver sofrer, mas isso nunca poderia ser possível, pois quem criou toda aquela realidade fui eu, não ela. Eu teria de passar por cada instante daquele para aprender o que quer que fosse.
É inútil esperar por resultados ou respostas fora da realidade em que eles se suportam.
As pessoas só vão entregar aquilo que puderem, as situações serão o que elas tiverem de ser, mesmo que isso seja completamente o oposto do que esperamos.
No máximo, nós mesmo conseguiremos atingir as nossas próprias metas, e ainda assim sob um esforço de disciplina muito intenso.
A cada expectativa que alimentamos e não alcançamos, criamos uma frustração. Cada frustração que produzimos, traz com ela mágoas, tristeza, dor...diversas sementes para um terreno fértil de enfermidades!
O importante é manter-se lúcido para receber aquilo que se plantou e forte o suficiente para abrir mão daquilo que não lhe pertence efetivamente.
"Inevitavelmente você chegaria até aqui. Disto eu já sabia. Pessoas inseguras costumam agir assim, com você não seria diferente. Eu até poderia me estender em textos para ajudar a te esclarecer. Porém sugerir que você abra bem os seus olhos é o mais honesto que consigo te entregar neste momento. Aparentemente você construiu uma história bem bonita até aqui, cuidado antes que seja tarde demais" - Teria dito isso a mim mesma naquela época, se tivesse conseguido ser forte o suficiente.
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