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As injeções

Após a segunda e última crise que desenvolvi, o neurologista me recomendou fortemente que a partir dali eu fizesse uso de algum medicamento, na tentativa "estabilizar" meu sistema.

O que eu conhecia a respeito de saúde naquela época, estava relacionado à alopatia. Sempre me tratei efetivamente com métodos alopatas, apesar de nunca ter sido muito fã. Cheguei a experimentar homeopatia, florais, mas minha ansiedade nunca me permitiu insistir nesses tratamentos.

Naquele momento o médico indicou que eu começasse imediatamente a fazer uso de um imunomodulador chamado Avonex (interferon beta-1a)*.
Eu já sabia que se voltasse a ter alguma crise, tomar as injeções seria inevitável, nós conversávamos muito a respeito.
Tinha pânico só de pensar em começar a me tratar com interferons. Lia horrores sobre os efeitos colaterais pela internet e o quanto eu faria parte na realidade de algo experimental, cercado de incertezas. Não existe cura para esses processos inflamatórios e nem ao menos qualquer tratamento no mundo que possa resolver realmente o problema.

É bem apavorante ouvir do profissional que você confia a sua saúde, super diplomado, reconhecido pelas melhores instituições de neurologia que ele não faz idéia do que vai acontecer no curso desse diagnóstico, que estes casos são completamente imprevisíveis e que eu teria de me conformar.
Seria a minha escolha, e só ela, quem poderia movimentar o curso dessa jornada.

Foi no dia 29 de abril de 2010, um dia antes do meu aniversário, que recebi a notícia da liberação para que eu tomasse o medicamento, e que eu deveria ir imediatamente ao hospital. Neste dia, eu estava na casa da minha mãe, com minha tia Cláudia e o Rô, marido dela. Eles estavam conosco aguardando esta liberação e foram comigo ao hospital.
Lembro de estar tão desolada e apavorada nesta hora que a única cor de roupa que consegui escolher foi preta. Minha mãe até perguntou se eu estava de luto, brincando...
Sim, era mesmo uma espécie de luto que eu sentia ali, luto pela minha saúde, pelo momento que eu vivia, pela incerteza de toda aquela decisão.

A certeza é um dos caminhos mais importantes para a nossa evolução. Quando o medo, a insegurança, dor, nos fazem perder a certeza em nossas vidas, sempre achamos que teremos outras alternativas, outras chances e não damos valor àquele momento que devemos vivenciar intensamente e aprender com ele. 
Eventos não são aleatórios em nossa caminhada. O que passamos serve para desenvolvermos ao máximo nossos potenciais. 
Ter certeza é acreditar que tudo está sempre no momento certo, no lugar certo para nos ensinar algo. 

Desde a primeira aplicação até os dias de hoje, passei por muito desafios dentro do tratamento. Tive diversos efeitos colaterais, pânico das aplicações, sensações bem importantes que eu poderia listar aqui, mas acredito que são vivências bem pessoais e, não gostaria de possivelmente influenciar negativamente alguém a respeito de um tratamento. A internet já está bem recheada de informações sobre os efeitos colaterais dos medicamentos.

Com o tempo, identificava que a minha postura diante dos momentos em que eu aplicava as injeções, faziam uma grande diferença nos sintomas que experimentava no dia seguinte. Percebia que reclamar, me apavorar, encher minha mente com pensamentos densos só prejudicava a intensidade dos efeitos colaterais.

Em certo momento, aprendi a procurar pensamentos positivos, de incentivo, de Luz, cada vez que aplicava a medicação e hoje em dia os efeitos são bem menores. Você pode pensar " ah, mas com o tempo os efeitos melhoram mesmo!", não no meu caso, se eu não adoto essas mentalizações, não faço esses exercícios, os efeitos em meu corpo são avassaladores. Eu já fiz esse teste.

Confesso que este é o maior desafio que vivo desde o primeiro diagnóstico, até hoje negocio comigo mesma minha postura diante do tratamento, é sempre um grande desafio que tenho vencido toda semana.

Quando fazemos uma escolha devemos mergulhar de cabeça, sair de nossa zona de conforto e acreditar que aonde quer que cheguemos estaremos sempre no destino certo. Como fazer isso? Ignorando o medo, seguindo a diante, tentando e errando e experimentando novamente. Disciplina, constância e certeza fortalecem o nosso dia a dia.





* O que são os interferons: http://pt.wikipedia.org/wiki/Interferon

Comentários

  1. Que bonito vc compartilhar isso Paula. E com a Aromatologia, fez algum tratamento? Ajudou? Abraço. Kennia

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  2. Oi Kennia, sim! Fiz vários e muito em breve farei um texto aqui explicando todas as minhas vivências, uso muito os óleos e todas as receitas, tem sido experiências riquíssimas não só para mim como para pessoas próximas! Obrigada por compartilhar sua sabedoria. Beijo grande!

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