Junto com a segunda crise neurológica que tive, acabei desenvolvendo também crises de pânico. Naquela época nada em minha vida pessoal ia muito bem!
Os momentos que eu passava tanto em relação aos diagnósticos e tratamento, como nas minhas rotinas diárias, traziam com eles um "pacote" lotado de incertezas e medos.
Eu não costumava dividir meus sentimentos com quase ninguém, e naquela época, não tinha realmente ao meu lado muitas pessoas em que pudesse confiar meu coração. Durante anos, eu me cerquei de relações superficiais e algumas até digo que "indiretamente" arriscadas.
Eu não era muito boa em fazer escolhas definitivamente.
O tempo passava e cada dia eu tinha mais medo do que eu viria a enfrentar. Temia pela minha saúde, pela família que eu achava que havia construído, pelos amigos que eu imaginava que tinha, pelo trabalho que acreditava estar sob controle.
Nunca fui alguém que desejou futilidades na vida, confesso que o que no fundo sempre busquei, acertando ou errando foi afeto. Não almejei status, poder ou milhares de pessoas me bajulando, até porque nunca fui uma boa colecionadora de hipócritas.
Meu sonho era ter a família que eu construísse, sustento, amor e saúde para aproveitar tudo isso. O resto como sempre eu daria um jeito de "correr atrás". Mas a realidade era bem distante disso e obviamente eu ajudava neste processo.
Temos uma tendência de achar que o mundo nos deve algo. Queremos mais reconhecimento, mais amor, mais atenção. No fundo acreditamos ter direito de bens que muitas vezes não nos pertencem. Não aceitamos o nosso verdadeiro lugar.
Dia após dia, o medo tomava conta de mim. Era como se uma voz morasse dentro da minha mente e enviasse mensagens para me bloquear. Tudo era motivo para eu paralisar. O trânsito, o interfone tocando, lugares com muitas pessoas desconhecidas e o que se tornou o pior lugar do mundo para mim: a minha própria casa.
Tinha simplesmente pavor de entrar sozinha em casa. Virar a chave na fechadura me sufocava. Minha mão suava, eu respirava com dificuldade, ofegante e essa hiperventilação pulmonar na maioria das vezes me deixava tonta, eu achava que ia desmaiar...era um total descontrole emocional!
Me sentia culpada por não conseguir mais conduzir minha própria vida, meu casamento, minha saúde, acreditava que eu era sempre responsável por tudo e isso me paralisava mais ainda.
Cresci com uma forte tendência de achar que o mundo girava em torno do meu umbigo. Traumas a parte, a vida me colocava rapidamente de volta ao meu lugar.
Novamente, volto a expor aqui a condição da mulher e a relacionar o quanto somos cobradas por nós mesmas e por essa "crença" maluca, que alguém no mundo inventou, de que temos que cuidar de tudo e todos.
Em uma maioria, sentimos que precisamos provar que temos uma espécie de poder sobrenatural. Essa cobrança é bastante complicada, nos ajuda a desenvolver milhares de enfermidades ou no mínimo a potencializa-las. No caso do pânico por exemplo, ele incide duas vezes mais em mulheres do que em homens*.
O grande desafio que eu tinha ali era o de tomar as rédeas de minha realidade. Eu não conseguia enxergar que a única pessoa capaz de resolver toda aquela bagunça era eu mesma.
Cheguei a tomar um remédio por três meses, recomendado pelo neurologista para que eu conseguisse me acalmar. Passados esses três meses, já mais centrada, mais calma eu decidi que ia lutar contra essa força destrutiva que morava dentro de mim mesma, sem o uso de medicamentos.
Existe um grande passo entre querer estar saudável e agir para que isso seja possível. Independente de tratamentos, fé, a nossa atitude funciona como uma combustão para atingirmos os resultados que queremos. Mais atitudes, mais resultados. Menos atitudes, menos resultados. A conta é simples assim.
A primeira e mais importante decisão que tomei foi ser honesta comigo mesma e desmanchar meu casamento. Nós já vivíamos em crise por anos e alguém precisava dar alguma dignidade àquela situação.
Eu já praticamente morava na casa de minha mãe por precisar de ajuda durante o tratamento, então, acabei migrando de vez.
Emagreci 8 quilos, foram meses muito doloridos, eu me isolei do mundo, não saía, ficava a maior parte dos meus dias dentro de casa. Foram uns 9 meses até que eu me recuperasse e voltasse a ter uma vida levemente social. Levemente pois, os efeitos colaterais do tratamento duraram bem intensos, cerca de dois anos.
Conforme eu enfrentava o que tentava me paralisar, meus olhos se abriam mais e mais para o potencial que eu tinha de vencer tudo àquilo.
Conseguia visualizar a minha vida de uma maneira mais lúcida e perceber que boa parte de tudo aquilo era minha responsabilidade e que eu poderia transformar toda aquela angústia e sofrimento.
O Yôga me ajudou muito neste sentido. Aprender a localizar a consciência naquilo que realmente importa, me fez parar, ficar em silêncio e observar o que minha consciência tinha a dizer.
No fundo nós sempre sabemos o que nos paralisa, o que precisamos é dar atenção às mensagens que nosso corpo envia. Depois de identificar, temos que lutar para enfrentar qualquer medo, angustia, ansiedade. Esses sentimentos originalmente não nos pertencem, nós é quem permitimos que eles tomem conta dos nossos instintos.
As lutas serão sempre diárias, não existe uma realidade sem problemas, ou aflições. O nosso posicionamento diante dos obstáculos é que vai definir a intensidade que eles se apresentarão. Das vozes que moram em nossas mentes, as que merecem a nossa atenção, são as vozes de nossa força, do nosso poder curativo, de nossa vitória. A escolha é sempre nossa.
*http://www.minhavida.com.br/saude/temas/sindrome-do-panico
Os momentos que eu passava tanto em relação aos diagnósticos e tratamento, como nas minhas rotinas diárias, traziam com eles um "pacote" lotado de incertezas e medos.
Eu não costumava dividir meus sentimentos com quase ninguém, e naquela época, não tinha realmente ao meu lado muitas pessoas em que pudesse confiar meu coração. Durante anos, eu me cerquei de relações superficiais e algumas até digo que "indiretamente" arriscadas.
Eu não era muito boa em fazer escolhas definitivamente.
O tempo passava e cada dia eu tinha mais medo do que eu viria a enfrentar. Temia pela minha saúde, pela família que eu achava que havia construído, pelos amigos que eu imaginava que tinha, pelo trabalho que acreditava estar sob controle.
Nunca fui alguém que desejou futilidades na vida, confesso que o que no fundo sempre busquei, acertando ou errando foi afeto. Não almejei status, poder ou milhares de pessoas me bajulando, até porque nunca fui uma boa colecionadora de hipócritas.
Meu sonho era ter a família que eu construísse, sustento, amor e saúde para aproveitar tudo isso. O resto como sempre eu daria um jeito de "correr atrás". Mas a realidade era bem distante disso e obviamente eu ajudava neste processo.
Temos uma tendência de achar que o mundo nos deve algo. Queremos mais reconhecimento, mais amor, mais atenção. No fundo acreditamos ter direito de bens que muitas vezes não nos pertencem. Não aceitamos o nosso verdadeiro lugar.
Dia após dia, o medo tomava conta de mim. Era como se uma voz morasse dentro da minha mente e enviasse mensagens para me bloquear. Tudo era motivo para eu paralisar. O trânsito, o interfone tocando, lugares com muitas pessoas desconhecidas e o que se tornou o pior lugar do mundo para mim: a minha própria casa.
Tinha simplesmente pavor de entrar sozinha em casa. Virar a chave na fechadura me sufocava. Minha mão suava, eu respirava com dificuldade, ofegante e essa hiperventilação pulmonar na maioria das vezes me deixava tonta, eu achava que ia desmaiar...era um total descontrole emocional!
Me sentia culpada por não conseguir mais conduzir minha própria vida, meu casamento, minha saúde, acreditava que eu era sempre responsável por tudo e isso me paralisava mais ainda.
Cresci com uma forte tendência de achar que o mundo girava em torno do meu umbigo. Traumas a parte, a vida me colocava rapidamente de volta ao meu lugar.
Novamente, volto a expor aqui a condição da mulher e a relacionar o quanto somos cobradas por nós mesmas e por essa "crença" maluca, que alguém no mundo inventou, de que temos que cuidar de tudo e todos.
Em uma maioria, sentimos que precisamos provar que temos uma espécie de poder sobrenatural. Essa cobrança é bastante complicada, nos ajuda a desenvolver milhares de enfermidades ou no mínimo a potencializa-las. No caso do pânico por exemplo, ele incide duas vezes mais em mulheres do que em homens*.
O grande desafio que eu tinha ali era o de tomar as rédeas de minha realidade. Eu não conseguia enxergar que a única pessoa capaz de resolver toda aquela bagunça era eu mesma.
Cheguei a tomar um remédio por três meses, recomendado pelo neurologista para que eu conseguisse me acalmar. Passados esses três meses, já mais centrada, mais calma eu decidi que ia lutar contra essa força destrutiva que morava dentro de mim mesma, sem o uso de medicamentos.
Existe um grande passo entre querer estar saudável e agir para que isso seja possível. Independente de tratamentos, fé, a nossa atitude funciona como uma combustão para atingirmos os resultados que queremos. Mais atitudes, mais resultados. Menos atitudes, menos resultados. A conta é simples assim.
A primeira e mais importante decisão que tomei foi ser honesta comigo mesma e desmanchar meu casamento. Nós já vivíamos em crise por anos e alguém precisava dar alguma dignidade àquela situação.
Eu já praticamente morava na casa de minha mãe por precisar de ajuda durante o tratamento, então, acabei migrando de vez.
Emagreci 8 quilos, foram meses muito doloridos, eu me isolei do mundo, não saía, ficava a maior parte dos meus dias dentro de casa. Foram uns 9 meses até que eu me recuperasse e voltasse a ter uma vida levemente social. Levemente pois, os efeitos colaterais do tratamento duraram bem intensos, cerca de dois anos.
Conforme eu enfrentava o que tentava me paralisar, meus olhos se abriam mais e mais para o potencial que eu tinha de vencer tudo àquilo.
Conseguia visualizar a minha vida de uma maneira mais lúcida e perceber que boa parte de tudo aquilo era minha responsabilidade e que eu poderia transformar toda aquela angústia e sofrimento.
O Yôga me ajudou muito neste sentido. Aprender a localizar a consciência naquilo que realmente importa, me fez parar, ficar em silêncio e observar o que minha consciência tinha a dizer.
No fundo nós sempre sabemos o que nos paralisa, o que precisamos é dar atenção às mensagens que nosso corpo envia. Depois de identificar, temos que lutar para enfrentar qualquer medo, angustia, ansiedade. Esses sentimentos originalmente não nos pertencem, nós é quem permitimos que eles tomem conta dos nossos instintos.
As lutas serão sempre diárias, não existe uma realidade sem problemas, ou aflições. O nosso posicionamento diante dos obstáculos é que vai definir a intensidade que eles se apresentarão. Das vozes que moram em nossas mentes, as que merecem a nossa atenção, são as vozes de nossa força, do nosso poder curativo, de nossa vitória. A escolha é sempre nossa.
*http://www.minhavida.com.br/saude/temas/sindrome-do-panico
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