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Um dia para comemorar!

Hoje faz 10 anos. Lembro de exatamente tudo o que aconteceu naquele 29 de julho de 2005. Depois de uma manhã super corrida, revirada do avesso por exames tensos, alguns doloridos em busca de explicações sobre como o meu corpo paralisava mais e mais a cada dia, no final da tarde em cima da cama do hospital, recebo a notícia do médico que era um provável diagnóstico de esclerose múltipla. Aquilo me parecia muito mais um pesadelo do que qualquer coisa que eu conseguisse explicar. Eu tinha apenas 22 anos, estava começando a construir minha história, que raios poderiam estar acontecendo dentro do meu corpo capaz de me paralisar daquela forma? Uma caneta parecia pesar 10kg...nada fazia meus dedos se juntarem, eu mal conseguia sentir minha pele tocar o que quer que fosse...não era possível que isto pudesse estar justamente acontecendo comigo...Mas era sim, e na época eu mal poderia imaginar tamanhas bênçãos que este diagnóstico me traria!
Naquele momento eu tive de fazer uma escolha, ou ia entrar no pânico de querer descobrir o "porquê comigo?" "onde eu errei", " blá, blá, blá" ou poderia fazer algo a respeito para me livrar daquelas sensações de uma vez por todas.

Assim que aos poucos voltei a me movimentar, pesquisei sobre todas as formas que seriam possíveis de aliviar aqueles sintomas, que a cada dia pareciam tomar mais conta de mim. A impressão que eu tinha era a de que meu corpo seguia tomado por uma inundação de pequenas feridas, queimaduras, machucados que a cada dia me deixavam mais e mais fraca...parecia um copo enchendo de água, pedacinho por pedacinho.
Larguei praticamente tudo o que eu fazia e comecei a adaptar minhas rotinas para o que era possível, como por exemplo caminhar ao redor da mesa de jantar todos os dias um pouquinho, e ir aumentando essa frequência conforme meu corpo permitia, isso me ajudava a não perder o equilíbrio pois a cada "bambeada" eu tinha as cadeiras para me apoiar. Manter o meu corpo ativo e vivo sempe foi uma prioridade em minha vida.
Algum tempo depois, através de algumas pesquisas descobri que existia um imenso benefício aos pacientes em reabilitação, práticas de Yôga. Esperei ter condições reais para praticar, expliquei ao instrutor a minha situação e conseguimos juntos encontrar uma "conta" para adaptar às aulas às minhas necessidades. Hoje, falo de peito cheio que o Yôga salvou muitas partes de muitos dos meus dias! Quem tiver a oportunidade de praticar eu recomendo a-b-so-l-u-t-a-m-e-n-t-e!*
Abandonei o cigarro, na época eu fumava, e confesso que se não fizesse tão mal, fumaria até hoje. Que me perdoem os "anti-tabagistas" mas acho uma delícia! Obviamente me afastei e jamais teria a intenção de voltar pois sei o lixo que é mas, confesso que foi MUITO difícil largar o cigarro, apesar de ter valido cada "gota" de sofrimento! Minha capacidade respiratória melhorou imensamente, minha disposição, o cheiro do meu cabelo e roupas...parar de fumar foi tudo de bom!

Pesquisas sem fim, descubro o que talvez tenha sido a parte mais importante de todas essas mudanças de minhas rotinas: a *reeducação alimentar! Mudar meus hábitos alimentares me trouxe muita disposição, força, diminuição da fadiga, regulou meu peso, melhorou minha concentração...enfim, a importância de uma boa alimentação está muito além do que podemos imaginar e com ela, principalmente a baixa ingestão de toxinas, podem ajudar a salvar nossos dias!
Junto com o diagnóstico, veio também a consciência do quanto eu sou responsável pelo meu bem estar, pelas escolhas de qualidade que devo fazer para minha vida, isso inclui também, os sentimentos, relacionamentos e tudo àquilo que me cerca. Tenho a impressão que o diagnóstico veio mesmo como um despertar, um despertar de uma Paula que vivia inconsciente para tudo o que esta vida tem de tão bom para oferecer, e para a morte da outra, que vivia cercada de relações, emoções e escolhas densas e incoerentes!

Pro resto dos meus dias esse vai ser um dia para comemorar! Comemorar cada dor, que me fez acalmar o coração para reparar em mim mesma, comemorar cada falta de mobilidade e coordenação que me fez resgatar uma força que eu até hoje não sei de onde eu tirei, comemorar cada momento de medo que me fez me agarrar em uma fé que mora dentro do meu fígado e acreditar que no fim tudo àquilo ia dar certo...e deu, aliás, deu melhor do que eu poderia imaginar!
Hoje eu brindo o Criador, o meu corpo, brindo à vida linda que todos os dias me acorda para milhares de novas oportunidades, brindo cada um que acompanhou de pertinho tudo o que vivi, os que não acompanharam também, e brindo um futuro que eu sei que é cheio de "hojes" mas que desejo do fundo da minha alma que seja repleto desses motivos para comemorar!
Viva, viva, viva!



*se quiserem mais dicas ou sugestões de práticas só mandar um email para: paula.pradok@gmail.com :)

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